12. A polonidade na obra de Paulo Leminski

Coordenadoras: Estrela Ruiz Leminski e Aurea Alice Leminski (Multiplo Leminski Produções Culturais Ltda)

O escritor e poeta curitibano Paulo Leminski era neto de imigrantes poloneses por parte de pai e reivindicou a sua polonidade de forma pouco convencional, mas muito assertiva ao associar a sua sensibilidade poética à expatriação da sua família. É fácil perceber na sua obra ecos da história da Polônia e da resiliência do seu povo, que sempre soube resistir, rebelar-se e reerguer-se quando subjugado e oprimido, sem jamais perder o enternecimento da alma poética. A brasilidade de Leminski não o impediu de assumir com orgulho o seu coração polaco. Embora enraizado e profundamente apegado à sua terra natal, Leminski distinguiu-se como um intelectual poliglota, humanista, universalista e cosmopolita, características que permeiam a sua prolixa produção poética e literária. Sua obra é marcada pela transgressão e quebra de tradicionalismos, embora o seu processo criativo tenha sido alicerçado na erudição conquistada por uma vida dedicada ao conhecimento e ao estudo. Leminski navegou com destreza e desenvoltura no universo cultural e artístico brasileiro, abrindo novos espaços e ampliando os seus horizontes e fronteiras.

Como que invertendo a rota de seu avô, Leminski toma, ele mesmo, um navio para a Polônia. E nessa travessia imaginária, trata-se menos de localizar raízes, que de enraizar-se no solo de uma escolha, trata-se menos de documentar o marco zero de uma origem, que de forjar uma persona, de criar uma identidade. O Vístula na veia literária leminskiana, o coração de polaco batendo em verso e prosa, constitui um exercício deliberado de autoconstrução, de afirmação e cultivo de uma diferença. Leminski não fez de sua polonidade um projeto estético ou político. Não fez da etnia um panfleto. De todo modo, a presença da Polônia é uma constante em sua obra. Andando pelo país de seu avô, sem nunca ter deixado o Brasil, Leminski visita muitos tempos e lugares. Mal se percebe, às vezes, quando se cruzam as fronteiras entre a história e a memória, entre a província do lembrado e os domínios da invenção. (SOUZA 2015)

O presente simpósio tem como objetivo juntamente identificar e compreender os aspectos e traços da polonidade na obra do escritor curitibano que projetou o estado no cenário cultural nacional e é um dos nomes mais respeitados e reverenciados da literatura brasileira.