7. Língua portuguesa das comunidades polono-brasileira e outras eslavo-brasileiras

Coordeandoras: Ivelã Pereira (UFSC) e Ivanete Mileski (EMEF)

As línguas eslavas foram, por muito tempo, foram a língua materna de muitas famílias de descendentes eslavos no Brasil. O português, por sua vez, acabou sendo aprendido na escola, como segunda língua – ou terceira, no caso de quando já falavam outra língua eslava pelo contato com seus vizinhos de colônia, ou, até mesmo, porque seus ascendentes já a conheciam por meio de sua vivência no leste europeu e a passaram de geração em geração (como no caso da língua russa, por exemplo). Tal como em comunidades monolíngues, as de caráter bilíngue apresentam também heterogeneidade linguística. É claro que o contato linguístico acaba por resultar em fenômenos linguísticos que diferem das comunidades em que se fala apenas uma língua, mas o fato é que a variação linguística é inescapável a qualquer língua, sendo meritória de estudos científicos. O resultado do uso das línguas eslavas – em co-ocorrência com o português – são variações (e possíveis mudanças linguísticas) nas línguas presentes nessas comunidades. Ou seja, o bilinguismo (e a bilingualidade) provocam alterações em ambas as línguas por influência do contato linguístico (SAVEDRA, 2009; MILESKI, 2017). Pertinentemente ao bilinguismo, Savedra (2009, p. 127-128) explica ser “a situação em que coexistem duas línguas como meio de comunicação num determinado espaço social, ou seja, um estado situacionalmente compartimentalizado de uso de duas línguas”. Já a bilingualidade é caracterizada como “os diferentes estágios de bilinguismo, pelos quais os indivíduos, portadores da condição de bilíngue, passam na sua trajetória de vida” (SAVEDRA, 2009, p. 117-118). Um exemplo de estudo que trata sobre isso é o de Mileski (2017), que faz uma investigação sobre as vogais médias tônicas e pré-tônicas no português de contato com o polonês em duas comunidades bilíngues no Rio Grande do Sul – Serra e Áurea. Um dos temas levantados pela pesquisadora são as vogais médias tônicas produzidas por esses sujeitos bilíngues. Preliminarmente a se fazer o levantamento da produção desses sons, ela traz um quadro das vogais orais tônicas do polonês padrão, revelando que a língua eslava apresenta seis vogais dessa natureza. Em consideração a isso, interessam-nos neste GT propostas que tratem sobre as variações linguísticas no português brasileiro resultantes de contato com línguas eslavas, em situação de bilingualidade, envolvendo aspectos fonético-fonológicos, prosódicos, sintáticos, morfológicos, lexicais e semântico-pragmáticos.